Indústria Bélica

“Cascavel”

Depois da Segunda Guerra Mundial, o Brasil recebeu dos Estados Unidos, dentro do Programa de Empréstimo e Arrendamento, vários blindados, entre os quais o Carro de Combate Leve para reconhecimento M-8. A partir de meados da década de 60, esse veículo já podia ser considerado completamente obsoleto. Precisava ser, portanto, modernizado ou trocado. A firma ENGESA, Engenheiros Especializados S/A, nessa mesma época começou a adaptar caminhões civis de fabricação nacional, tração 4×4 e 6×6, para o emprego em qualquer terreno. Essa operacionalização viabilizou o uso desses veículos para fins militares. A partir dessas adaptações, a ENGESA conseguiu desenvolver e patenteou um sistema de eixo propulsor traseiro, inédito no mundo, chamado de “ENGESA Boomerang”. O novo sistema permite ao veículo absorver perfeitamente os golpes causados pelo percurso em terrenos acidentados e ultrapassar obstáculos com incrível facilidade, graças ao grande deslocamento das rodas traseiras e ao seu diferencial bloqueável. Seu sucesso fez com que a ENGESA, começasse a projetar veículos leves sobre rodas, para transporte de tropas e operações de reconhecimento. Dessa elaboração mútua surgiu, no final da década de 60, o primeiro protótipo de um veículo leve de reconhecimento brasileiro, o EE-9, batizado de Cascavel.

 

O rompimento do Acordo Militar Brasil-Estados Unidos em 1977, pelo governo Geisel e a criação em 1º de junho de 1977 da IMBEL Indústria de Material Bélico do Brasil, que absorveu todas as Unidades fabris do Exército, com exceção dos Arsenais de Guerra do Rio, São Paulo e de General Câmara, os quais passaram a ficar subordinados à Diretoria de Recuperação, pertencente ao Departamento de Material Bélico, foram fatores que ajudaram no desenvolvimento de veículos blindados no Brasil. A partir de 1980, os Arsenais utilizaram seus potenciais fabris e recursos para repotencialização, transformação e adaptação do material bélico brasileiro; nacionalização de componentes importados; fabricação de peças e de material bélico. Além disso, cooperaram com a indústria civil no estudo, pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias, inclusive na fabricação de protótipos. Porém, poucas indústrias brasileiras cresceram e conseguiram ganhar renome internacional. O grupo ENGESA Engenheiros Especializados S/A criado em 1963 na cidade paulista de Santo Amaro, começou suas atividades como uma simples oficina dedicada à adaptação de tração total a pequenas e médias viaturas de emprego civil. Era composto por 15 empresas, dentre as quais se destacava a ENGESA VIATURAS, localizada em São José dos Campos, SP. Produzia os blindados sobre rodas EE 9 CASCAVEL (que equipa os nossos Esquadrões de Cavalaria Mecanizados, estrategicamente distribuídos pelo Brasil) e o EE 11 URUTU (recentemente empregado para integrar a missão de Força de Paz da ONU no transporte das tropas Brasileiras).

O Blindado Engesa EE-9 Cascavel provê as forças mecanizadas no moderno campo de batalha um veículo que foi desenhado para velocidade e manobrabilidade em vias pavimentadas e em operações em campo. Utilizado por forças armadas de diversos países o Cascavel possui vários tipos de camuflagem. No Brasil o Cascavel é utilizado pelo CFN (Corpo de Fuzileiros Navais) e pelo EB (Exército Brasileiro). O CASCAVEL pesa 13,4 toneladas. Possui motor diesel Mercedes Benz que lhe proporciona velocidade de até 100 Km/h em estradas e autonomia de 750 Km. Apresenta tração nas 6 rodas e pneus podendo ser montados com uma câmara alveolar que lhe permite realizar deslocamentos de até 50 Km com os pneus vazios, ou perfurados por projétil. É operado por uma tripulação de 4 homens e é dotado de um canhão 90 mm e uma metralhadora 7,62 mm

Na área de blindados sobre rodas o maior sucesso de vendas foi o EE-9 Cascavel, desenvolvido inicialmente no Parque Regional de Motomecanização da 2ª Região Militar – PqRMM/2, em São Paulo (ver artigo http://www.defesanet.com.br/rv/vtrbld1/vtrbld.htm), cuja produção total, incluindo todas as suas versões alcançou a cifra de 1738 unidades, das quais o maior comprador foi o Exército Brasileiro com 409 adquiridos, seguido da Líbia (400), do Iraque (364), Colômbia (128), Chipre (124), Chile (106), Zimbabwe (90), Equador (32), Paraguai (28), Bolívia (24), Uruguai (15), Gabão (12) e Suriname (6).

Os blindados Cascavel vendidos ao Iraque, em sua maioria, devem estar sem condições operacionais, em razão do embargo que vem sofrendo desde 1991, muito embora boa parte dele foi capturado pelo Irã, na guerra Iraque-Irã, entre 1980 a 1988, quando aproximadamente 150 EE-9 Cascavel passaram a fazer parte do Exército Iraquiano, e empregados contra o Iraque. Alguns ainda foram capturados pelos Curdos no norte do Iraque, em quantidade pequena, visto aparecerem em noticiários recentes mostrando a preparação destes para a terceira guerra do golfo prestes a ocorrer, muito embora o Irã não esteja sob embargo.

Estes veículos cumpriram bem suas missões, tanto que o seu primeiro batismo de fogo se dá na Líbia no final dos anos 70 e início dos 80, quando tropas Egípcias aerotransportadas invadem o território Líbio em incursões relâmpagos e pela primeira vez é feito um contra ataque usando os EE-9 Cascavel recém-adquiridos, os quais destroem por completo as forças invasoras, despertando desta maneira grande interesse dos Líbios e dos Iraquianos nestes veículos, motivo que nos leva a fornecê-los em grande quantidade ao Exército de Sadann Hussein, então vistos com bons olhos, principalmente pelo Ocidente.

No Iraque terão seu batismo de fogo em plena guerra contra o Irã (primeira Guerra do Golfo), onde foram empregados com relativo sucesso, devido à forma de utilização, pois o Exército Iraquiano nunca foi bom em guerra de movimento, usando os EE-9 Cascavel de três formas, como proteção de flancos das unidades blindadas, como veículos de reconhecimento, razão principal de sua existência e como artilharia enterrados no chão. Na segunda guerra do golfo (1991) vários deles foram destruídos por mísseis disparados de helicópteros norte-americanos, e todas as fotos os mostram enterrados.

 

Fonte: http://sites.uol.com.br/naumann/cascavel.htm

http://www.matbel96.hpg.ig.com.br/evolucao.html

Acesso em março de 2002

http://www.defesanet.com.br/rv/engesa/export.htm

Acesso em janeiro de 2005