Pequenas Empresas

“Colete Multiuso”

Casos bem-sucedidos comprovam que o cearense tem grandes idéias. Uma delas é até campeã nacional, pois concorreu com 16 mil inventos de todo o País. É o colete multiuso para segurança de motociclistas, criado por Videlmon Gomes de Oliveira, depois de sofrer na pele do próprio corpo as conseqüências de um acidente de motocicleta. O artefato foi o vencedor da terceira etapa do concurso Domingão da Invenção, promovido pelo programa Domingão do Faustão, da Rede Globo, em abril de 2008. Obteve 67% dos votos dos telespectadores, concorrendo com outros três inventos nacionais. Na grande final, ficou em segundo lugar.

“Deixei de vender a patente no Rio por R$ 1,5 milhão e já tem empresa interessada em colocar o produto no mercado a R$ 400, mas eu não aceito”, diz. Ele quer que motociclistas tenham acesso ao colete por um preço mais baixo, em torno de R$ 200. “Somos 600 mil motociclistas no Ceará, 120 mil só na Capital e 70 mil motoboys. É preciso massificar o uso do colete para reduzir acidentes e internações”, argumenta. O diferencial do colete criado pelo cearense é que ele serve não só como proteção ao motoqueiro, já que é feito com um material especial para amortecer impactos. Em caso de acidente funciona também como maca. O aparato tem alças embutidas que auxiliam no transporte correto do motociclista acidentado.

O colete do Videlmon tem, ainda, dois acessórios essenciais: um deles serve como kit de primeiros socorros, o outro é um colete cervical, para amortecer o peso do capacete, ou imobilizar corretamente o pescoço. “Também colocamos elementos obrigatórios como sinais luminosos para a noite”. Depois do concurso global, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no Ceará (Sebrae-CE) encampou o invento de Videlmon, que foi devidamente patenteado no INPI. “Hoje, estamos concorrendo a recursos da Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) para fabricar o colete”. Em processo de incubação no Instituto Centec, o colete ganhou novo design. Agora, está em fase de testes de impacto e resistência, para obter certificação e ir à venda. “O Sebrae está desenvolvendo a marca da empresa”, orgulha-se. Ele acredita que o produto seja fabricado já neste mês.

O empreendedor trabalha com empresas e setor público, o seu nicho de mercado. Cuida de organizar a categoria de mototaxistas no interior. A estratégia através da iniciativa privada e das prefeituras conduz à criação de projetos de lei por meio das Câmaras Municipais. “Estamos bolando o colete para mototaxista ao custo zero”, disse ele ao informar que a prefeitura está entrando com uma parte e a iniciativa privada com outra. É projeto de Videlmon também aprovar o colete nas cidades interioranas e entrar com o financiamento do BNB que inclui o colete, o capacete, a pintura da moto, o seguro total e o seguro de vida. “Na ONG que eu presido, a Fides, vamos dar esse seguro através do Bradesco que é uma instituição forte. Com tudo isso a moto ainda vai sair mais barata que se for comprada em qualquer outro financiamento, porque o juro é de 0,42% ao mês”, argumenta.

A ONG trabalha com educação e prevenção ao acidente de motos. “Estamos filiando associados nos municípios do interior onde estamos entrando: dando à categoria assistência jurídica, reboque 24 horas, oficina, seguro que não paga mensalidade nem franquia. O prejuízo é rateado pelo grupo”, informa. Logo na fase em que o invento era só um protótipo, a Vestmoto teve a sorte de participar de uma seleção na Rede Globo e foi selecionada para o Quadro de Invenções do Faustão. “Disputamos com 18 mil invenções e tiramos o segundo lugar em todo o Brasil”, comemora Videlmon. Em seguida, foi à luta para colocar o colete no mercado. De acordo com o inventor, o Sebrae encampou o projeto. Contratou a empresa que desenvolve o design. Outra onda favorável ao negócio, desta vez com a legislação dos sonhos para o empreendedor, veio com a aprovação da Lei 12.009, de 29 de julho de 2009, que torna obrigatório o uso do colete de segurança para o motoboy ou mototaxista. O parágrafo 4º. do artigo 2º. da Lei diz que deve estar vestido com colete de segurança dotado de dispositivos retroflexivos nos termos da resolução do Conselho Nacional de Trânsito (Contran).

A Lei regulamenta o exercício das atividades dos profissionais em transportes de passageiros, mototaxista, em entrega de mercadorias e em serviço comunitário de rua, e motoboy, com o uso de motocicleta. Dispõe sobre regras de segurança dos serviços de transporte remunerado de mercadorias em motocicletas e motonetas – moto-frete. “O meu colete segue todas essas orientações”, apregoa Videlmon. Ele diz que a inovação agrega funções de proteção de tórax, proteção de coluna, visualização diurna e noturna, pois trabalha com a faixa retroflexiva aprovada pelo Denatran. “Temos mobilização cervical que é para tirar o peso do capacete da cervical, recurso que elimina linha de cerol de raia, caixa de primeiros socorros, alça para o garupa pegar e maca para a hora de uma precisão”. O colete pode ser montado como uma maca. Videlmon adverte que o socorro tem de ser feito por profissional de saúde. “Não é para qualquer um pegar e socorrer uma pessoa numa maca. O leigo socorrendo pode levar a uma lesão. O equipamento pode ser usado por um profissional de saúde”, enfatiza.

Fonte: 
http://www.fiec.org.br/artigos/tecnologia/inovacao_ceara_desponta.html
 
http://expressodonorte.com/index.php?view=article&catid=42%3Aestacao-tecnologia&id=1071%3Acolete-de-seguranca-para-motoqueiro-cria-mercado&tmpl=component&print=1&page=&option=com_content&Itemid=93
acesso em abril de 2010
 
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