Fármacos

Extra Graft XG-12

O Extra Graft XG-12 foi lançado em 2007 como medicamento para reconstituição de maxilares lesionados estimulando as células-tronco dos ossos a se desenvolver e preencher a parte que está com a lesão, o mesmo funcionamento de outros medicamentos no mercado, porém para ossos diferentes. O Extra Graft XG-12 rendeu ao Laboratório Silvestre Labs do Rio de Janeiro, prêmios de Inovação Tecnológica da Finep e da Unicamp, que ajudou a desenvolvê-lo: “A cada novo produto lançado, nossa receita dobra e quase tudo é reinvestido em pesquisa”, diz o presidente da empresa Eduardo Cruz. A pesquisa do Extra Graft demorou oito anos para ser concluída. Segundo Cruz, a empresa aplica anualmente de 15% a 18% do faturamento líquido em inovação e não utiliza incentivos oficiais. A Silvestre Labs nasceu no Pólo Bio Rio da UFRJ e tem três patentes nos Estados Unidos e outras 12 em análise.

A farmacêutica Silvestre Labs: embora seja reconhecidamente inovadora — obteve o primeiro lugar em uma das três categorias do novo Índice Brasil de Inovação —, a empresa não conseguiu o dinheiro da subvenção. O projeto rejeitado dizia respeito ao Extra Graft XG-13, um tipo inédito de enxerto ósseo desenvolvido a partir do estudo de células-tronco. A Silvestre queria os recursos para viabilizar a exportação do produto. “Nem a Silvestre Labs nem outras oito empresas que ficam aqui na Fundação BioRio (um pólo tecnológico dentro da Universidade Federal do Rio de Janeiro) passaram nesse edital”, disse ao Valor o bioquímico Eduardo Cruz, diretor da farmacêutica.

Extra Graft XG-13® é um substituto ósseo natural, que associa as propriedades osteocondutoras da hidroxiapatita e do colágeno tipo I. Os grânulos de hidroxiapatita (200 – 400 µm) apresentam propriedades físico-químicas semelhantes à estrutura óssea humana e propiciam uma superfície altamente bioativa para a migração celular, contribuindo para a remodelação óssea através de um processo fisiológico. O colágeno tipo I, com sua alta biocompatibilidade e organização tridimensional, é um importante carreador das proteínas ósseas morfogenéticas e atua como o arcabouço padrão-ouro para a migração rápida das células endoteliais e osteoprogenitoras e para a regeneração óssea acelerada. 

O Extra Graft pode, por exemplo, substituir uma placa de platina, com a vantagem de não precisar ser trocado e de induzir o crescimento do tecido ósseo onde é aplicado. “O produto nasceu de um projeto desenvolvido na Unicamp, liderado pelo professor Benedicto Vidal”, diz Eduardo Cruz, presidente da Silvestre Labs. “Após uma análise bastante criteriosa do projeto, vimos que havia oportunidade de desenvolver um produto.” 

A matéria-prima do biomaterial é a hidroxiapatita, um dos constituintes do osso, e uma malha de colágeno, ambos de origem bovina. A empresa e a Unicamp são detentoras da patente do Extra Graft, já lançado no mercado brasileiro. A Silvestre Labs aguarda a obtenção dos registros na Food and Drug Administration (FDA), a agência federal norte-americana que fiscaliza e regulamenta alimentos e remédios, na Comunidade Européia e na China, para colocar o produto no mercado internacional. Um acordo, que envolve permuta de conhecimento, já foi fechado com os chineses. Uma empresa de biotecnologia de Xangai, criada por um grupo de pesquisadores formado na Universidade Harvard, nos Estados Unidos, tem feito importantes avanços em terapia gênica. Os chineses propõem à Silvestre Labs um vetor para terapia gênica e, em troca, receberão a tecnologia do Extra Graft. Inicialmente, o produto foi lançado apenas para lesões odontológicas, mas com a evolução do projeto passou a ser utilizado também em cirurgias que envolvem a reconstituição de ossos da face e do crânio. “Ao entrar em contato com os osteoblastos, células jovens do tecido ósseo, o produto induz a proliferação celular, funcionando como uma matriz de proliferação óssea”, diz Cruz.

O produto é o primeiro na área de bioengenharia lançado pela empresa, que iniciou suas atividades em 1984 como farmácia de manipulação e hoje conta com mais de cem funcionários, dos quais oito têm mestrado e quatro doutorado. O primeiro lugar no ranking do grupo de média e alta intensidade tecnológica do IBI “foi uma grata surpresa, porque em mais de 20 anos de atividades a empresa não recebeu nenhum apoio público para o financiamento das suas pesquisas”, diz Cruz. 

Fonte: Indústria Brasileira, CNI, março 2008, p.20 
http://www.inovacao.unicamp.br/report/leituras/index. php?cod=110 
http://www.extragraft.com.br/ 
http://www.revistapesquisa.fapesp.br/?art=3327&bd=1&pg=1&lg 
acesso em dezembro de 2008