Medicina

Implante de Tecido

Pesquisadores do Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em Belo Horizonte, desenvolveram um novo composto bioativo para reconstituir partes do rosto comprometidas por acidentes ou doenças. A grande vantagem do material, formado por polietileno e partículas de fosfato de cálcio, é a fácil manipulação em laboratório de suas propriedades de rigidez e de maleabilidade, o que permite moldagem de acordo com curvas do esqueleto facial.

“A formulação ideal da prótese, desenvolvida a partir de uma matriz de polietileno com material bioativo a 10%, pode ser utilizada na região maxilo-facial em substituição a cartilagens, tecidos moles e até a alguns ossos de regiões próximas aos olhos, suprindo a demanda estética e funcional”, disse Rodrigo Lambert Oréfice, coordenador do trabalho, à Agência FAPESP. Como muitos acidentes faciais acarretam problemas de visão, uma das principais funções do novo material é restaurar o equilíbrio da região ocular. “A prótese não influencia a parte funcional do olho, mas oferece as bases de sustentação do globo ocular para que a visão seja restabelecida”, explicou Oréfice.

 

Segundo o pesquisador, atualmente próteses similares são importadas por clínicas públicas e particulares no Brasil. Pelo fato de serem feitas basicamente de polietileno, além do alto custo, elas apresentam problemas de adesão por serem mais rígidas e quebradiças. “Os deslocamentos por falta de fixação ao tecido da região ocular representam um problema frequente nos materiais importados. Por isso, o foco do nosso trabalho foi estudar materiais que permitissem ao cirurgião a oportunidade de esculpir a forma desejada de acordo com o perfil do rosto do paciente”, disse.

Na Escola de Engenharia da UFMG, o material foi submetido a testes laboratoriais de força e pressão e também foi implantado em coelhos. Os resultados positivos permitiram que o Comitê de Ética e Pesquisa em Seres Humanos da UFMG aprovasse o início dos testes clínicos. Desde o início de 2005, sete pacientes que sofreram danos em partes ósseas da face foram operados no Departamento de Plástica Ocular do Hospital São Geraldo, com resultados considerados promissores. Ainda não foi verificado nenhum caso de rejeição, que pode ocorrer em até dez anos depois do implante.

“Apesar desse prazo mais longo, boa parte dos casos de perda dos implantes ocorre bem antes de dez anos. Os médicos normalmente identificam problemas com os materiais em poucos meses. Ou seja, temos um bom sinal só pelo fato de o novo biomaterial já ter aguentado cerca de dois anos após a implantação nos pacientes”, disse Oréfice.

 

Fonte: http://www.agencia.fapesp.br/boletim_dentro.php?Id=7011

Acesso em abril de 2007