Agropecuária

Método de Prevenção contra Vaca Louca

No final de 2003, o mal da vaca louca (encefalopatia espongiforme bovina) voltou a causar tensão no mercado consumidor de carne bovina. O Brasil saiu na frente e desenvolveu um método de prevenção da vaca louca, por meio de análise da ração animal utilizada na alimentação dos rebanhos. Segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o método pode ser usado por outros países, principalmente da Europa. “A técnica desenvolvida é inovadora pela velocidade e precisão na avaliação da existência de proteínas animais na ração”, revela o pesquisador da Embrapa, Carlos Bloch. “O Brasil tem a oportunidade de fazer o licenciamento desse método para outros países. Isto porque a tecnologia é inovadora e permite que se faça a análise com grande rapidez e precisão”, garante o pesquisador da Embrapa, José Cabral.

 

Outro método utilizado é o PCR, também usado para testar paternidade, mas apresenta limitações na avaliação da presença de proteína animal. Outro método é o Elisa, que consiste em testar a amostra por meio de anticorpos produzidos com proteína de porco. Mas, segundo Bloch, como esse método só utilizava a proteína do porco e não de outros animais, só detecta 10% dos casos. Segundo Carlos Bloch, o risco do Brasil desenvolver o mal da vaca louca é pequeno porque a maior parte do rebanho brasileiro é criado em pastos e se alimenta de capim e não de ração. Além disso, há como prevenir a presença da proteína animal por meio do novo método. Na primeira etapa da pesquisa foram realizadas análises em 185 amostras, sendo que 9% apresentaram proteínas.

O mal da vaca louca surgiu na Europa, em 1986, devido ao uso de carne, ossos, sangue e vísceras na complementação ou suplementação proteica de ração. A metodologia descrita na patente depositada pela Embrapa, em 2002, utiliza a espectrometria de massa e outros recursos para detectar proteínas de origem animal em rações a venda no mercado. A Embrapa vê a possibilidade desta tecnologia auxiliar não apenas o Brasil como países do Mercosul, em especial, e até oferecer alternativa para outros países produtores, no monitoramento da qualidade da ração e evitar a contaminação de rebanhos. No Brasil, o uso de proteína animal na fabricação de ração para bovinos está proibido e o risco de desenvolver a vaca louca é pequeno porque o rebanho brasileiro, em sua maioria, se alimenta de pastagens. Até então os métodos de detecção utilizados em todo o mundo (microscopia óptica, ELISA e PCR) têm limitações quanto à sensibilidade e à precisão dos resultados, o que não ocorre com a metodologia desenvolvida pela Embrapa, que acusa a presença de proteínas de origem animal em até uma parte por bilhão na amostra analisada. O tempo para expedição do laudo é de aproximadamente 72 horas.

Bloch disse que a existência das proteínas na ração ocorria por falta de higienização dos equipamentos na hora de produzir o alimento. “A contaminação não era criminosa, como acontecia na Europa, mas uma questão de manipulação”. O pesquisador José Cabral defende que o governo brasileiro deveria investir mais no controle do uso de proteína animal por meio de fiscalização e tornando obrigatória a coleta de amostras de ração para análise. O próximo passo dos pesquisadores da Embrapa é desenvolver um método para a avaliação da carne de frango e ovos. O objetivo é avaliar se há a presença de um antibiótico, chamado de nitroflurano, que pode causar câncer.

O método será desenvolvido, no próximo ano, em parceira com a Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frango (ABEF). Desde 1999, o Ministério da Agricultura proibiu o uso de proteínas animais na fabricação de ração para bovinos. Isso porque o uso sem controle de carne, ossos, sangue e vísceras na alimentação dos animais pode causar a contaminação do rebanho.

Aliada ao rastreamento de animais, a adoção sistemática da metodologia pelos fabricantes de ração e órgãos fiscalizadores, segundo Bloch, conferiria inédita transparência ao processo de produção de carne “ao viabilizar o fornecimento do certificado da origem e do processo de fabricação das rações junto ao mercado consumidor .O Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento criou três grupos de trabalho encarregados de elaborar um posicionamento estratégico para o Brasil diante da ocorrência do mal da vaca louca no rebanho de outros países.

Fonte: http://www.srb.org.br/index.php3?news=2461

http://www.embrapa.br:8080/aplic/bn.nsf/0/65109565e48ba27f83256e16006c86ee?OpenDocument

http://jbonline.terra.com.br/jb/papel/economia/2003/12/28/joreco20031228004.html

acesso em janeiro de 2004