Biotecnologia

Nanicão

A Nanicão IAC 2001 variedade de banana do tipo nanica selecionada pelo Instituto Agronômico (IAC), órgão da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, é resistente à sigatoka amarela e por isso apresenta qualidades adequadas para o cultivo em São Paulo, Estado em que existe a ocorrência de sigatoka amarela, mas não há incidência da sigatoka negra. A Nanicão IAC 2001 dispensa a pulverização por ser resistente à sigatoka amarela, que está presente em todo o Brasil. Porém, a nova variedade é suscetível à sigatoka negra, existente na Região Norte e em parte do Centro-Oeste do País. A variedade selecionada pelo Instituto Agronômico – Nanicão IAC 2001 – é resistente à sigatoka amarela e por isso dispensa a pulverização. Essa característica tem reflexos em toda a cadeia produtiva da banana, pois reduz os custos com defensivos e gera frutos de melhor qualidade.

 

Em São Paulo, o controle da sigatoka amarela requer de quatro a sete pulverizações por ano. Cada uma custa cerca de 40 dólares por hectare. Daí se verifica a economia para o produtor, além dos benefícios para a saúde do trabalhador rural. Para o consumidor, a nova variedade chega mais saudável, com o triplo de vitamina C e mais digestiva. Os comerciantes também encontram vantagem na Nanicão, que tem vida mais longa na prateleira e uma aparência melhor, por não apresentar pintas pretas na casca. Não bastassem todas essas qualidades, essa variedade também contribui com a agricultura sustentável, já que poupa o ambiente por não necessitar de pulverização.

A Nanicão IAC 2001 é uma boa alternativa para os produtores de São Paulo, estado com 55 mil hectares destinados ao cultivo de banana, produzindo, por ano, cerca de 1 milhão e 100 mil toneladas da fruta. Para o Vale do Ribeira, região que concentra 90% da produção paulista, a Nanicão IAC 2001 é muito importante pois lá o cultivo é baseado em cultivares suscetíveis à sigatoka amarela e negra. Em São Paulo, 80% das bananas produzidas pertencem ao grupo Cavendish e os outros 20% são Prata. No Norte e Nordeste do Brasil predomina a banana Prata. Em todo o País, são produzidos, por ano, aproximadamente 6 milhões de toneladas. Essas doenças secam as folhas da bananeira e anulam a produção. A sigatoka negra provoca a mesma consequência que a amarela, porém com velocidade três vezes maior que esta. A sigatoka amarela está no Brasil há 40 anos, já a negra chegou ao País em 1998. A pesquisa que resultou na Nanicão IAC 2001 teve início em 1995 no IAC.

Com a característica de dispensar totalmente a pulverização, a Nanicão IAC 2001 tem sua importância destacada quando se observa as duas sigatokas. A amarela é controlada com uma pulverização por mês. Já a negra requer três pulverizações mensais, ou seja, quase uma por semana. Em termos de custo, a sigatoka amarela custa hoje para o produtor paulista R$ 500,00 (quinhentos reais) por hectare, por cada pulverização. Daí é possível calcular a redução de custo que essa variedade irá propiciar ao agricultor. A sigatoka negra, que já está disseminada por toda a América Central, somente é controlada com quarenta ou mais pulverizações por ano, a um custo três vezes maior do que se gasta nos bananais de São Paulo. A ausência de pulverização viabilizada pela Nanicão IAC 2001 resultará em bananas com menos agrotóxicos para o consumidor. Além dessa qualidade, a nova banana tem a mesma utilização do Nanicão comum, porém é três vezes mais rica em vitamina C e mais digestiva. Para o mercado, a nova variedade se destacará por ser mais grossa, porque, livre da doença, tem condições de se desenvolver plenamente. Outro benefício é que a Nanicão IAC 2001, após a climatização, conserva-se por mais tempo em condições de ser consumida, ou seja, dura mais nas prateleiras dos supermercados e na casa do consumidor.

Em 2002, o Instituto Agronômico selecionou uma nova variedade que apresentou resistência às duas sigatokas. Em São Paulo, onde há a sigatoka amarela, a variedade foi testada durante cinco anos e tem se mostrado resistente invariavelmente até o momento. Como não existe a sigatoka negra em campos paulistas, a resistência à sigatoka negra foi testada, durante dois anos, em Manaus, região onde ocorre a doença. Na primeira geração de plantas, a Nanicão IAC 2001 se mostrou resistente à sigatoka negra. Porém, na multiplicação, com maior número de plantas, a resistência então apresentada foi quebrada.

Segundo o pesquisador do Centro Avançado de Pesquisa Tecnológica do Agronégocio de Frutas do IAC, Luiz Antônio Junqueira Teixeira, essa resistência se quebrou provavelmente em função de variações genéticas do mesmo fungo causador da doença. Essa ocorrência se deu no final do ano passado e desde então os pesquisadores continuam trabalhando no Programa de Melhoramento Genético, com introdução e avaliação de outros materiais. Sobre o possível fim dos bananais em razão da sigatoka negra, conforme notícias veiculadas, o pesquisador Luiz Teixeira avalia ser a notícia uma “meia-verdade”, pois, segundo ele, irão acabar — se não forem tratadas — as bananas suscetíveis (grupo do Nanicão e Prata). Porém, é viável o controle químico da doença. “Os maiores países exportadores de banana convivem com a sigatoka negra há mais de 20 anos”, diz o pesquisador ao explicar sobre a viabilidade desse controle.

De acordo com Teixeira, os países exportadores, principalmente Costa Rica e Equador, exportam a preços competitivos mesmo investindo em controle químico. No grupo Cavendish, que inclui as variedades Grand Naine, Nanicão, Nanica e outras, não há material resistente à sigatoka negra. Esse grupo é o de maior interesse comercial em São Paulo e também para exportação. Por isso a necessidade de se fazer controle químico. A outra alternativa é desenvolver variedades resistentes, o que é bastante complicado. Existem materiais genéticos resistentes a essa doença, alguns oriundos de melhoramento genético e outros de mutação espontânea, porém nenhum deles apresenta fruto com qualidade comercial semelhante ao do grupo Cavendish. Um grave problema na disseminação da doença é a condenada estrutura de transporte da fruta. O Mato Grosso envia banana maçã para São Paulo por meio de um transporte que envolve folhas de bananeira, usadas para embrulhar as frutas ou para cobrir caixas. Essas folhas podem transportar o patógeno causador da doença, transmitido também pelo vento.

 

Fonte:

http://center.barao.iac.br/Not%C3%ADcias/Mat%C3%A9rias/Nanic%C3%A3o__sigatoka_amarela_jan2003.htm

http://center.barao.iac.br/Not%C3%ADcias/Mat%C3%A9rias/nanic%C3%A3o_062002.htm

http://www.estado.estadao.com.br/suplementos/agri/2002/07/17/agri031.html

 

acesso em maio de 2003

http://www.iac.sp.gov.br/Arquivos/noticias/Materias/nanicao.htm

acesso em setembro de 2007

Agradeço a Raul Moreira (raulmoreira@mpc.com.br) pelo envio de informações em junho de 2006 para compsição desta página