Metalúrgia

Pastilhas de Liga Metálica

No fim da década de 70, uma pequena fábrica criou um pó metálico para a indústria de solda. Vinte anos depois, lucrava R$ 300 mil por ano, mas notava que o tal pó não era mais tão inovador: perdia mercado e entrava num processo de declínio. Para sair da crise, correu atrás de um investimento, voltou-se para o lado da pesquisa e da tecnologia, inovou e lançou um novo produto. No ano passado, a paulista Mextra faturou R$ 18 milhões. Que inovação fez a empresa aumentar seu faturamento 60 vezes nos últimos cinco anos? São pastilhas de liga metálica, criadas em 1998. Um produto que em contato com o alumínio puro — que é líquido — age como um fervescente, conferindo ao metal resistência, sem deixá-lo perder a leveza. — Foi uma visão global, que passamos a ter, que mudou totalmente a empresa. Até porque o novo produto não é vendido para a indústria de solda. Mas para grandes empresas de setores como petróleo e siderurgia — explica o empresário Ivan Barchese, referindo-se a clientes como Alcoa, Alcan e Companhia Vale do Rio Doce.

 

E as pastilhas trouxeram ainda outros mercados. Hoje a empresa vende seu produto para Europa, Oriente Médio, Estados Unidos e China. Está em vinte países. Uma nova demanda que fez com que a Mextra construísse, em Taubaté, mais uma unidade industrial. — Esse novo perfil da Mextra exigiu que investíssemos ainda em sistemas de qualidade e informatização. Caso contrário, não teríamos condição de acompanhar esse crescimento da companhia — conta Barchese, frisando que o Sebrae teve um papel relevante nesse processo de exportação. — Nós participamos de um treinamento que nos orientou a vender para outros países. E isso inclui a adaptação de nosso produto ao mercado internacional, cuidados com a embalagem e também a gestão pela qualidade. O empresário ressalta ainda que o crescimento da Mextra também se deu graças ao apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Após apresentar o projeto da Mextra, a entidade aprovou aportes à empresa que somam quase R$ 900 mil nos últimos três anos. Mais: no ano passado, a companhia passou a ser uma das empresas apoiadas pelo Instituto Endeavor, ONG americana que dá suporte a negócios com potencial de crescimento e que está no Brasil desde 2000.

Para Barchese, no caso do apoio da Endeavor, o principal ganho está na rede de contatos que a empresa passou a ter: — A Endeavor já acionou seus contatos para que eu possa, por exemplo, vender meus produtos na Rússia. E ainda passei a ter acesso a profissionais que podem me ajudar a tomar importantes decisões na companhia. Tudo vai muito bem na Mextra. Mas será que não existe o risco de, mais uma vez, a empresa entrar em um novo declínio? — Não — afirma um enfático Barchese. — Estamos constantemente investindo em pesquisa: viajo seis vezes por ano só para acompanhar o mercado. Além disso, já lançamos até uma outra versão da pastilha. O erro de anos atrás foi a acomodação. Isso não acontecerá de novo mesmo. De jeito nenhum.

Ivan Barchese assumiu o comando como sócio da Mextra em 1998, aos 22 anos, quando o empreendimento estava para fechar as portas e, com uma injeção de empreendedorismo e inovação tecnológica, reinventou o modelo de negócios da empresa. Em menos de 6 anos, Ivan fez o faturamento da Mextra crescer 600%, multiplicando os negócios para mais de vinte países. Com muita visão de negócios, investimentos em P&D e percebendo que os fornecedores de matéria-prima para o setor de alumínio não detinham know-how de fabricação de pós-metálicos, sendo obrigados a pagar altos preços na compra da matéria-prima, Ivan decidiu verticalizar o negócio através de uma tecnologia inovadora de reciclagem de materiais. Hoje, a Mextra é uma empresa diferenciada no mundo, tendo desenvolvido todo o processo de fabricação de pós e pastilhas de ligas metálicas utilizando tecnologia proprietária, que lhe conferiram superioridade em custo e qualidade sobre grandes players internacionais. A Mextra tem 50 colaboradores e espera duplicar este número no ano de 2005, com a abertura de uma nova fábrica. É a principal fornecedora da Alcoa e Alcan no Brasil, além de exportar 25% da sua produção. Mas o que é uma pastilha de liga metálica? As pastilhas são elementos de liga prensados que potencializam algumas propriedades do alumínio (dureza, resistência a desgaste, outros). Todo material feito de alumínio, necessariamente, utiliza essas pastilhas em certo momento de sua produção. Por exemplo, para a fabricação de latas de refrigerante.

A MEXTRA produz e comercializa há mais de 22 anos, metais e ligas metálicas não ferrosas, pós-metálicos e insumos para indústria do alumínio. Atuando também no mercado internacional, vem se destacando por fornecer produtos de alta qualidade e tecnologia metalúrgica, aplicados na indústria automobilística, aeronáutica e de embalagens de alumínio. Iniciou suas atividades com a fabricação de ferro-ligas e metais não ferrosos, como resultado do ideal do engenheiro metalurgista Dr. Eduardo Barchese, de transformar sua tese de doutorado em uma empresa. Em pouco tempo, a MEXTRA alcançava posição de destaque em seu mercado, produzindo metais e ligas metálicas até então nunca fabricados no Brasil. Hoje, a empresa com gerenciamento arrojado, expande seus negócios alcançando reconhecimento internacional. Além de atuar nos últimos anos como supridora de metais e ligas metálicas para os mercados de fundição, siderúrgico e fabricação de eletrodos para soldagem elétrica, a MEXTRA passou a fornecer às industrias de refratários e de pigmentos, óxido de cromo verde. Este material é, também, utilizado como matéria-prima na produção de cromo metálico, metal que a MEXTRA foi pioneira na fabricação no Brasil e é até hoje seu principal produtor. Mais recentemente, a MEXTRA agregou valor a seus produtos e desenvolveu a linha . São elementos de ligas para alumínio, tais como: ferro, cromo, manganês, cobre e titânio, fornecidos na forma de pó compactado, que conferem excelentes propriedades mecânicas ao alumínio. Alcançou notoriedade fornecendo esta linha de materiais para os principais produtores de alumínio, tais como: ALCAN, ALCOA, CBA, BILLITON, ALUVALE, entre outros.

 

Fonte:

http://www.endeavor.org.br/br/empreendedores/brasil/mextra/news_02.htm

http://www.mextrametal.com.br

http://www.endeavor.org.br/br/empreendedores/brasil/mextra/default.htm

Acesso em outubro de 2005