Petróleo

Tanque de Provas

 

Pesquisadores e engenheiros brasileiros realizaram um milagre físico: colocaram um tanque de provas para instalações petrolíferas inteiro, incluindo vento, ondas e correntes marítimas, dentro de um computador. Um consórcio de instituições do Rio e São Paulo, inaugura hoje no Departamento de Engenharia Naval da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, o primeiro Tanque de Provas Numérico (TPN) do mundo, com tecnologia 100% brasileira. Trata-se de um simulador de estruturas flutuantes para a exploração de petróleo e gás em ambientes marítimos. O sistema funciona como um tanque de provas totalmente digitalizado e, portanto, livre de qualquer limitação física.

Muitos computadores no lugar de um supercomputador formam o que os pesquisadores da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/USP) chamam de Tanque de Provas Numérico (TPN), uma tecnologia inédita que permitirá a realização de simulação matemática de estruturas flutuantes de produção de petróleo e gás. O tanque, na verdade, é um laboratório de mais de 100 metros quadrados de área, que foi iniciado nos começo de 2001. O TPN é um sistema que permitirá não só a simulação de projetos de plataformas tradicionais, como a instalação e manutenção de estruturas flutuantes. Ele trabalha com o cluster, um conjunto de 60 computadores com capacidade conjunta de processar 21 bilhões de operações por segundo e que substitui um supercomputador.

 

Segundo Nishimoto, no futuro o TPN poderá ser usado na avaliação de acidentes em plataformas, inclusive de eventos como o afundamento da P-36, ajudando com seus modelos matemáticos a prever fatos e ajudar nas ações que minimizem os efeitos do acidente. Na sala de 3D, os pesquisadores hoje podem visualizar uma plataforma da Petrobras, a P-18, que fica em Marlin, na Bacia de Campos. Eles começam agora a trabalhar no modelo da P-43, um navio convertido em plataforma que será instalado no campo de Caratinga, também em Campos. A estrutura, de acordo com Nishimoto, será instalada este ano. A Petrobras está selecionando outras plataformas para serem colocadas no sistema de simulação do TPN. Os pesquisadores, por sua vez, continuam aperfeiçoando os modelos matemáticos para se aproximarem mais das condições reais.

“Não dá para testar uma plataforma de petróleo ou um navio-tanque de 300 metros como se fosse um carro”, compara o engenheiro Kazuo Nishimoto, da Escola Politécnica, coordenador do projeto. “Os tanques de prova físicos têm certas limitações, principalmente profundidade.” Detalhe que pode significar um problema sério para a exploração de petróleo em águas profundas. A Petrobrás já é recordista mundial nessa categoria, com uma operação de 1.800 metros na Bacia de Campos (RJ), mas o Programa de Capacitação em Águas Profundas da estatal quer levar a produção até 3 mil metros de profundidade. É em condições extremas como essa que o TPN será mais valioso. O maior tanque de provas atualmente no País é o do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT), com 4 metros de profundidade. Já a versão numérica não possui fundo. O programa permite reproduzir virtualmente uma combinação infinita de condições ambientais, como profundidade, pressão, temperatura, além de correntes, ondas e vento.

“Podemos simular qualquer tipo de situação para dar maior segurança aos trabalhadores e otimizar a produção”, explica Nishimoto. O objetivo não é substituir os tanques físicos, ressalta o coordenador. O TPN funcionará em parceria com o novo tanque de provas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que terá 15 metros de profundidade e deve ficar pronto até a metade do ano. “Um vai complementar o outro.” Outro componente inédito do TPN é a sala de visualização, onde as simulações podem ser vistas em formato 3-D. Todo o sistema é operado por um cluster de 60 computadores PCs, que em breve será ampliado para 120. O TPN é fruto de parceria entre a USP, IPT, Petrobrás, UFRJ e PUC-Rio. O projeto custou R$ 3 milhões – R$ 2,5 milhões da Financiadora de Estudos e Projetos do governo federal.

 

Fonte: http://www.mct.gov.br/sobre/namidia/MCTnamidia/2002/27_02.htm

http://www.estadao.com.br/ciencia/noticias/2002/fev/28/100.htm

http://www.poli.usp.br/RevistaPolitecnica/

acesso em março de 2003